O queijo francês sofre com Covid-19. Especialmente aqueles com Denominação de origem Controlada.

Em recente notícia sobre queijos com Denominação de Origem Controlada, já havíamos informado em nosso blog sobre os impactos da crise ocasionada pelo confinamento do CORONA VÍRUS. Através de ato do governo, o regulamento da indicação geográfica denominada Denominação de Origem Controlada, para queijos, sofreu alterações diversas, para reduzir o impacto da crise.

Queijos e indicação geografica

 

Os apreciadores dos prazeres mais refinados da mesa francesa conhecem bem os queijos franceses, muitos deles objeto de signos ou marca de Denominação de Origem Controlada (D.O.C.). Grande parte destes laticínios constituem verdadeiro patrimônio daquele País, que leva muito a sério o assunto.

Estima-se que a França possua centenas de variedades de queijos. Porém, somente 45 podem utilizar o selo, que em português se chama Denominação de Origem Controlada (D.O.C.), mas em francês é conhecido por appellations d´origine contrôllée.

 

Para quem não sabe, um selo de Denominação de Origem Controlada é uma marca coletiva que somente pode ser usada por produtores estabelecidos em determinadas regiões geográficas, geralmente nominadas pela região. Estes produtores devem seguir específico padrão de produção, que é expressamente definido e delineado através de regulamento.

 

Por regra, há uma entidade que organiza e fiscaliza tudo que existe no entorno de tal selo, desde o regulamento, até mesmo as normas de afiliação e a concessão do direito de usar tal signo.

 

Na França, as appellations d´origine contrôlée são fiscalizadas pela agência governamental intitulada Institut National des Appellations d’Origine (INAO).

Entretanto, apesar da agência geral francesa, há também o órgão específico para produtos de laticínios (queijos, manteigas, cremes) com appellations d´origine contrôllée, denominado CNAOL – Conseil National des Appellations d´Origines Laitières.

 

A proteção de indicações geográficas, aqui tratada, é catalogada na França e no mundo como Propriedade Intelectual e se rege não-somente pelas leis francesas, mas também por tratados internacionais aos quais a grande maioria dos países aderiram, dentre os quais o Brasil.

 

Nada obstante o grande renome de tal indústria e a segurança comercial de tal estrutura, a mesma se acha ameaçada de forma grave por um inimigo inesperado e contra o qual pouco se sabe o que fazer no momento. Trata-se do COVID-19. Os grandes clientes desta indústria de laticínios são mercados, restaurantes e exportação, que também também foram atingidos pela estagnação comercial fruto do confinamento. E isso, logicamente, repercutiu diretamente em efeito “dominó”.

 

Apenas para se ter uma idéia do estrago, podemos citar os dados divulgados por Michel Lacoste, que é presidente do Conseil National des Appellations d´Origines Laitières. Conforme revelado por Lacoste, a indústria de queijos protegidos sofreu baixas pesadas, de mais de 60%. Em alguns casos,  queda operou-se de 70% a 100%, situação que coloca em risco a própria existência do produtor, considerando que alguns são de terroirs controlados por empresas bastante artesanais. Por isso, é consenso nacional hoje, que o queijo francês sofre com o COVID-19 diretamente, o que causa grande preocupação no governo.

 

Segundo a agência português a notícia EURONEWS, só na França podem ir literalmente para o lixo cerca de cinco mil toneladas de queijo, projetando-se prejuízos de cerca de 157 milhões para queijos com Denominação de Origem Controlada.

 

Carlos Ignacio Schmitt Sant Anna ©